Blog do Kuramoto

Este blog se dedica às discussões relacionadas ao Open Access

A via Dourada: um longo caminho ainda a percorrer

Stevan Harnad faz uma crítica ao desconhecimento de parte da comunidade científica mundial a respeito das estratégias adotadas pelo movimento OA, vejam o seu blog, em inglês. Farei apenas algumas considerações comentando parte da referido matéria (post de Harnad).

Uma questão bastante questionada por Harnad diz respeito ao fato de muitos confundirem a necessidade de uma publicação de acesso livre ter um modelo de negócio e por extensão algumas pessoas entenderem que os repositórios institucionais (RI) também teriam que ter um  modelo de negócio.

Harnad contesta esse mal-entendido dizendo que os RI não são um substitutivo das  revistas científicas tradicionais (mantidas por assinaturas), mas um complemento, possibilitando acesso livre à todos os usuários aos artigos alí depositados por pesquisadores da instituição que o mantém. Portanto, o RI é de livre acesso à comunidade científica e à sociedade como um todo.

Nessa matéria que mencionei, Harnad tenta esclarecer dúvidas e mal-entendidos existentes no seio da comunidade mundial, especialmente, naquilo que diz respeito à estratégia da via Verde.  Para Harnad, a estratégia concebida como via Verde é a mais factível e e melhor a ser adotada no contexto recente e atual. Não faz sentido a adoção da via Dourada nesse momento, além do fato de que a sua adoção precipitada envolverá em custos exorbitantes.

O que se pode depreender das palavras de Harnad, ao longo desses 10 anos, é que há uma ordem de precedência na adoção das duas estratégias (via Dourada e via Verde) em direção ao acesso livre. Primeiro, deve-se priorizar a implantação dos RI, portanto, o mecanismo principal da via Verde.  Após, consecutivamente, a esta fase, com a consolidação dos RI na maioria das instituições de ensino e pesquisa no mundo, virá a adoção da via Dourada, qdo surgirão revistas científicas de acesso livre, as quais terão um modelo de negócio consolidado diferente do panorama atual. Ao longo da referida matéria, verifica-se a importância da adoção e construção dos RI, o que no Brasil ainda se engatinha.

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março 14, 2013 Posted by | artigo | , , , , | 6 Comentários

O relatório FINCH e suas repercussões

Richard Poynder

O jornalista e blogueiro Richard Poinder fez uma entrevista bem esclareccedora com o arquievangelista Steven Harnad sobre o relatório FINCH, leia a entrevista, em inglês, aqui.

A entrevista é longa e não será traduzida inteiramente neste espaço. Farei, no entanto, a tradução de parte da matéria de Richard Poynder que introduz a entrevista com Stevan Harnad.

Coforme escreveu, Richard Poynder, em matéria introdutória:

“Quando, em 16 de julho, próximo passado, o Research Councils of United Kindom (RCUK), publicou sua política atualizada sobre a acesso aos resultados de pesquisa científica (Policy on Access to Research Outputs) o movimento Open Access (OA)  recebeu a notícia com entusiasmo. Este foi surpreendente: ao contrário das recomendações do controverso relatório  Finch (publicado um mês antes), RCUK salientou que continuaria a ver tanto a via Dourada, estratégia  OA para as publicações científicas, quanto a via Verde, estratégia OA baseada no auto-arquivamento, como estratégias similares em qualquer política de OA.

A via Dourada  e a via Vverde são as duas estratégias definidas há  oito anos atrás para se atingir o acesso livre à produção científica, quando o movimento OA nasceu, e são vistas como componentes essenciais em qualquer transição, bem sucedida, para o OA.

Por outro lado, o Relatório FINCH concluiu que a estratégia principal, a ser adotada, agora deveria ser a da via Dourada, quer através de revistas de acesso livre ou através de revistas híbridas, e que esta deve ser financiada por meio de taxas de processamento de artigo (APCs – Article Processing Charges).

Ao mesmo tempo, o relatório Finch reiterou que, era hora de rever a estratégia da via Verde do OA (a expressão utilizada por Richard Poynder é downgrade que significa regredir), e reduzir o papel dos repositórios institucionais para apenas fornecer acesso a dados de pesquisas e literatura cinzenta e auxiliar na preservação digital.

Em concordância com as propostas formuladas pelo relátório Finch, os defensores OA rapidamente concluiram que a política formulada por RCUK foi uma dádiva de Deus.

Stevan Harnad, defensor do OA de longa data, e auto-denomindo arqui-evangelista, foi  um dos primeiros a aplaudir a nova política.  Harnad, aliviado, começou  a inundar as listas de discussão com mensagens parabenizando RCUK por estabelecer uma uma política que não só desafiou o relatório Finch, mas foi mais forte do que sua política atual relativa ao OA.

Mas, como definiu Harnad, ao falar da política, e buscando convencer os mais céticos e incrédulos, ele mesmo começou a ter dúvidas. E, finalmente, ele chegou à conclusão de que  não havia outra opção senão a de retirar o seu apoio à política do RCUK – que agora ele a caracteriza como “autista”, e um “tolo, desperdiçado e contraproducente passo à trás”.

Como é que, o que à primeira vista, parecia tão desejável rapidamente tornou-se algo tão terrível? Curioso para descobrir, entrei em contato com Harnad, que me deu uma entrevista, via email e que pode ser lida no seguinte link.”

Por motivos de caráter pessoal, não farei a tradução da entrevista. Mas, ao longo desta materia, o leitor tem todos os links necessários para ter acesso à referida matéria.

agosto 21, 2012 Posted by | artigo | , , , , , , , , , , , | Deixe um comentário

   

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