Workshop on Innovations in Scholarly Communication (OAI7)
Começa na quarta-feira próxima, 22 de junho de 2011, o workshop Innovations in Scholarly Communication (OAI7).
Trata-se de um evento internacional que se realiza na Universidade de Genebra, Suiça, a partir de quarta-feira, dia 22 e se estenderá até o dia 24 de junho, reunindo técnicos, dirigentes, defensores do OA e pesquisadores. O workshop seguirá o formato de sucesso de workshops anteriores mistura tutoriais práticos, apresentações de projectos de alta tecnologia e pesquisa, grupos de discussão, cartazes e um intenso programa social para maximizar a interação e comunicação. Será possível se inscrever para uma parte ou a totalidade do programa.
O workshop é voltado para aqueles envolvidos no desenvolvimento do Open Access (OA) repositórios e que podem influenciar o rumo de desenvolvimentos tanto dentro de sua instituição, seu país ou a nível internacional – que inclui desenvolvedores técnicos da OA bases de dados bibliográficas e serviços relacionados, pesquisa desenvolvedores informações sobre a política na universidade ou nível biblioteca, agências de fomento a pesquisa preocupados com o acesso aos resultados de suas pesquisas, os editores OA, e pesquisadores influentes interessados em levar os desenvolvimentos OA em seu próprio campo.
Workshops anteriores construíram um espírito de comunidade forte e o evento é uma oportunidade única para trocar idéias e informações de contacto com a vasta gama de pessoas ligadas ao movimento OA. A série de workshops OAI é um dos maiores encontros internacionais nesta área e ocorre aproximadamente a cada dois anos.
Open Data matéria de estudos
Por que o público deveria confiar em cientistas? Esta é a questão central de um estudo lançado hoje, sexta-feira, 13/05/2011, pela Royal Society.
No contexto da ciência como um bem público, a abertura da informação científica buscará identificar como ela deve ser melhor administrada para aperfeiçoar a qualidade das pesquisas científicas e construir um elo de confiança com a sociedade.
O estudo deverá abordar questões como:
1) Quais são os benefícios e riscos de compartilhar abertamente dados científicos
2) Como o crescimento da blogosfera afetou a pesquisa científica
3) Que responsabilidades teriam os pesquisadores, suas instituições, as agências de fomento à pesquisa na abertura dos dados?
4) Como faremos a informação científica mais acessível e quem pagará por isso?
5) Deveriam os pesquisadores financiados por agências de fomento privadas seguir os mesmo padrões de pesquisadores financiados por agências defomento públicas?
6) Como harmonizar abertura da ciência com direitos de propriedade intelectual e, no caso da informação médica, como proteger a confidencialidade dos pacientes?
7) Seriam as mesmas regras aplicáveis a cientistas de todo o mundo?
Enfim, a abertura de dados científicos está em discussão.
Enfim, quando se fala em abertura da ciência, a questão central está relacionada com o Open Data, o acesso livre aos dados de pesquisa científica. O estudo proposto pela Royal Society aponta para discussão e análise questões muito pertinentes e que deveriam também ser abordados e discutidos no Brasil, pois, assim como o Open Access chegou um dia no Brasil, o Open Data aportará a qualquer momento.
A via verde é a mais viável
Como foi mostrado no post anterior, no qual apresento algumas conclusões externadas por Stevan Harnad a respeito do relatório do estudo encomendado pelo Research Information Network (RIN), e que dá conta de que a estratégia que está sendo utilizada e que continuará a ser utilizada é a via verde. Esta estratégia recomenda que as instituições de ensino superior e de pesquisa construam os seus repositórios e estabeleçam mandatos tornando obrigatório que os seus pesquisadores façam o autodepósito, nos repositórios institucionais (RI), de seus artigos publicados em revistas com revisão por pares. Esta é a estratégia que oferece melhor custo/benefício.
A estratégia via dourada, recomenda que os autores publiquem em publicações de acesso livre e, consequentemente levou às editoras a desenvolver um modelo de negócio para manter suas publicações autosustentáveis, no qual o autor paga para que o seu artigo seja publicado e disponibilizado em acesso livre. Esta estratégia é cara. Não vale à pena.
A melhor solução é caminhar pela via verde, que não custa nada nem aos bolsos do autor e nem aos bolsos das agências de fomento, basta que o autor faça o autodepósito de seu artigo em um repositório de acesso livre da sua instituição e ele será acessado livremente. O Open Access para atingir os seus objetivos não depende das duas estratégias simultâneamente. Na realidade, basta a estratégia da via verde. É uma via mais rápida e não depende das editoras, mas, simplesmente da comunidade de pesquisa, especialmente dos pesquisadores e das universidades e instituições de pesquisa. Isto significa que tanto os pesquisadores quanto as instituições de ensino e de pesquisa estejam conscientes da importância desta iniciativa e dos benefícios que eles terão.
Ah…mas, aí vem uma outra pergunta: quanto custa construir um RI? Bem, o custo não é muito alto, nada que uma universidade não possa desenvolver com o seu próprio orçamento e seu próprio quadro de recursos humanos especializados. Além disso, trata-se de um custo único. É na realidade um investimento para a universidade, assim como comprar um livro ou assinar uma revista.
Hoje, toda universidade pública federal tem acesso à Internet via a RNP. Hoje, toda universidade tem um parque mínimo de computadores, com servidores gerenciando as suas redes. Portanto, a infraestrutura necessária já existe e não há necessidade de um investimento muito importante.
Falta desenvolver o RI. Para este RI, os pacotes de software para seu gerenciamento são livres, são software open source, portanto, tem um custo de distribuição igual a zero. Falta, assim, a parte mais dispendiosa, os recursos humanos. Normalmente, as universidades são dotadas de equipes especializadas tanto na área da informática quanto na área da informação. Evidentemente, que não esqueci que algumas dessas universidades perderam técnicos especializados ao longo dos últimos anos, por razões que não cabe aqui discutir.
Para desenvolver um RI é necessário que se tenha uma equipe especializada. Uma equipe mínima é constituída de um técnico especializado em processamento de dados e um de informação. É necessário sim, ter uma equipe para desenvolver e manter o RI. No entanto, esses dois técnicos não são necessários em tempo integral durante toda a vida do RI. Uma vez o RI implantado, não há necessidade de técnicos com dedicação exclusiva e em tempo integral. Assim, podemos dividir os custos para o desenvolvimento e implantação do repositório em duas partes: 1) a primeira refere-se ao desenvolvimento e implantação do RI; 2) a segunda refere-se à sua manutenção e gestão. Na parte 1 é desejável que os técnicos se dediquem em tempo integral e sejam exclusivos para o desenvolvimento e implantação do RI. Na parte 2, não há necessidade de se ter os dois técnicos em tempo integral, eles podem se dedicar a outras atividades ou projetos.
Um outro aspecto a considerar é que, hoje, já existem diversas metodologias de desenvolvimento e implantação de RI. Dentre estas, destaca-se a metodologia desenvolvida pelo projeto DRIVER da Nottingham University. Este projeto foi financiado pela Comunidade Européia e desenvolveu uma metodologia para construção de RI e, inclusive, os manuais estão disponíveis no seu sítio, tendo versão em língua portuguesa. Portanto, nao há necessidade de se reinventar a roda, basta adequar essa metodologia à necessidade de sua instituição. E, neste caso, o tempo de desenvolvimento é bem menor.
Assim, considerando a necessidade de um servidor dedicado para hospedar o RI. Um bom servidor capaz de suportar um RI custa na faixa de uns R$ 5 mil reais. Para trabalhar com segurança, é bom ter um servidor espelho. Portanto o custo inicial ficaria, por baixo, em R$ 10 mil reais.
Quanto ao custo para desenvolvimento do repositório, pode-se estimar que esta fase demore entre 6 e 12 meses. Nesse período, teremos um técnico de informática e um técnico de informação dedicados exclusivamente ao projeto do RI. Assim, considerando o custo médio de salários para cada um dos técnicos e o overhead devido ao pagamento dos encargos salariais, na faixa de 100%. Esse custo ficaria:
1 técnico de informática de bom nível, custa por mês R$ 7 mil reais;
1 técnico de informação de bom nível, custa por mês R$ 7 mil reais;
Estimando-se, por alto, 12 meses de desenvolvimento e implantação, o custo ficaria, assim:
2 x 12 x (7.000,00+encargos=7.000,00)…= 336.000,00
Aquisição de 2 servidores: 2 x 5.000,00….= 10.000,00
Total…………………………………………………….= 346.000,00
Então, este seria o custo de desenvolvimento e implantação de um repositório institucional. A manutenção não exigirá a participação de técnicos em tempo integral. A própria equipe da universidade poderá assumir o trabalho de manutenção e, portanto, não haverá nenhum custo adicional, o custo já está embutido no funcionamento normal da universidade, assim como o custo de manutenção dos servidores que se somará ao custo de manutenção do parque computacional. Desta forma, podemos arredondar para R$ 350.000,00 o custo máximo de desenvolvimento e implantação de um RI. Este é o montante considerando a contratação de técnicos externos e a aquisição de dois servidores novos. Neste caso, trata-se de um investimento e o cálculo foi realizado de forma a trabalhar com margens de segurança. Evidentemente, que o desenvolvimento e implantação de um repositório institucional a partir de uma metodologia pronta não leva os doze meses para ser concluído. Além disso, os salários foram definidos para profissionais em termos do mercado de Brasília, onde os salários são muito altos. Dessa forma, o custo pode variar de R$ 10 mil reais a R$ 350 mil reais, dependendo da situação de cada universidade e do seu mercado de trabalho. Mas, é preciso considerar que este custo é dividido em 12 meses, incluindo os encargos.
Por outro lado, as universidades normalmente têm outras formas de contratação de recursos humanos, através bolsas,que usualmente não tem nenhum encargo além do salário propriamente dito. Um outro fator interessante, as universidades são instituições formadoras de recursos humanos e, em muitas delas, existem bons cursos de processamento de dados ou sistemas de informação e também cursos de biblioteconomia. Dessa forma, o custo que estimei tende a ser superestimado. Digo isto porque já fui estagiário e sei como essas coisas funcionam. Muitas vezes um bom estagiário vale muito mais à pena que a contratação de profissionais por tempo determinado. Usualmente, os estagiários tendem a ser muito dedicados e engajados. Recordo-me que muitos dos profissionais terceirizados que contratei não tinham o mesmo engajamento e dedicação que os estagiários, e não foram poucas as vezes que esses profissionais me deixaram com a brocha na mão, ou seja, com o serviço inacabado. Essa é uma prática corrente e que merece muito cuidado nos processos de contratação.
Projeto de apoio a repositórios: RSP
Vivendo e aprendendo, cada dia mais. Sempre defendemos e ainda defendemos a necessidade de o Brasil discutir e estabelecer uma política nacional de informação científica baseada nas estratégias do acesso livre. Mas, não basta ter essa política apenas. É preciso ter tal política e uma infraestrutura capaz de dar suporte a ela.
No passado, além de defender essas idéias desenvolvemos algumas iniciativas no sentido de implantar nas universidades brasileiras repositórios institucionais. A percepção de todo o processo é a de que não basta ter as idéias e ideais. É preciso contar com um conjunto de fatores de sucesso, tais como: conhecimento e competência técnica, equipes compostas por técnicos competentes, profissionais e engajados no projeto e outros fatores políticos. Além disso, é preciso contar com mecanismos de transferência de conhecimentos. Infelizmente, a grande verdade é que no Brasil, alguns desses fatores de sucesso se encontram em falta. Mas, nunca é tarde para buscar a construção desses fatores. Um dia nós aprenderemos.
Recebí, hoje, uma mensagem, de uma lista denominada NECOBELAC, que significa: Network of Collaboration Between Europe & Latin American-Caribbean countries., informando sobre uma iniciativa muito interessante que é denominada: Repositories Support Project (RSP).
Este projeto tem como objetivo promover o desenvolvimento de uma rede de repositórios interoperáveis contendo artigos, materiais didáticos e dados de pesquisa em acesso livre. No sítio deste projeto é fornecido o acesso a diversos materiais interessantes e importante para a construção de repositórios. Este seria um mecanismo interessante de se ter no Brasil: um projeto capaz de coletar e divulgar material de interesse àqueles que estão desenvolvendo e implantando os seus repositórios.
Open Data e Linked Open Data: impactos na área de biblioteconomia e documentação
Há algum tempo atrás, discutíamos o Open Data no contexto da informação científica. Hoje, no entanto, verifica-se que o Open Data tem tido diversas iniciativas na área da administração pública, incluindo, a área de gestão de bibliotecas e documentação. Segue um artigo muito interessante mostrando o cenário mundial do Open Data, assim como alguns projetos espanhóis. O título do artigo é: Open data Y Linked Open data: SU IMPACTO EN EL ÁREA DE BIBLIOTECAS Y DOCUMENTACIÓN. Este artigo foi escrito por:
Fernanda Peset, Antonia Ferrer-Sapena e Imma Subirats-Col.
Open Data => DataStaR: uma infraestrutura para apoio à pesquisa
Mais uma iniciativa no contexto do Open Data. A biblioteca Albert R. Mann, da Universidade Cornell, (Ithaca, Nova Iorque, EUA) está desenvolvendo uma infraestrutura destinada a dar suporte à colaboração e compartilhamento de dados entre os pesquisadores durante o período em que a pesquisa se desenvolve. Leia artigo descrevendo esta iniciativa ou visite o sítio da DataStaR
Know your rights: who really owns your scholarly works?
Agora um vídeo sobre direitos autorais nesse cenário OA, assistam:
O primeiro palestrante é Kenneth Crews, diretor do escritório de direitos autorais da Columbia University; o segundo palestrante é: Michael Carroll, professor visitante da Washington College of Law da American University e membro fundador do Conselho de diretores do Creative Commons; e a terceira palestrante é Heather Joseph, que foi diretora executiva do Scholarly Publishing and Academic Resources Coalition (SPARC).
NSF anuncia sua política de compartilhamento de dados
No dia 10 de maio de 2010, a National Science Foundation (NSF) anunciou que a partir de outono daquele ano daria início a sua política de compartilhamento de dados. Ou seja, a partir de outono de 2010 seria exigido que um plano de gestão de dados, o DMP (Data Management Plan), fosse anexado às solicitações de financiamento de pesquisas científicas. O capítulo II do atual guia para solicitação desse financiamento, o Grant Proposal Guide, NSF 1-11 January 2011, sob o tópico Special Information and Supplementary Documentation , fornece detalhes sobre como elaborar tal plano. Esta iniciativa vem reforçar iniciativa semelhante que vem sendo empreendida pela Comunidade Européia, o Open Data.