Blog do Kuramoto

Este blog se dedica às discussões relacionadas ao Open Access

Projeto de lei americano anti-Acesso Livre teve morte súbita

Boas notícias à favor do Acesso Livre nos EUA, o projeto de lei RWA – Research Work Act teve morte súbida. O projeto de lei RWA estabelecia que nenhuma agência de fomento nos EUA poderia permitir que as pesquisas por elas financiadas fossem livremente acessíveis. Tratava-se de um projeto de lei para impedir a aplicação de uma lei aprovada em meados de 2007 e que estabelecia uma política de Acesso Livre às pesquisas financiadas pelo National Institute of Health. O desenvolvimento dramático poderia sinalizar uma mudança fadical na publicação científica.

A implosão do RWA, no último dia 27 de fevereiro de 2012, foi súbita e rápida. A Elsevier, gigante da publcação científica – maior defensora do projeto de lei – anunciou que alguns dos autores de artigos de suas revistas, revisores e editores consideravam que a medida era insonsistente com o “apoio de longa data” da companhia ao acesso livre e de baixo custo a literatura científica. Este resultado é fruto do boicote proposto por Tylor Neylon, que organizou o referido boicote contra a Elsevier.

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março 2, 2012 Posted by | artigo | , , , , | Deixe um comentário

Pula-pula: por que os pesquisadores ainda tentam boicotar ao invés de teclar?

Tomo a liberdade de traduzir um dos posts de Stevan Harnad (SH) em seu blog Open Access Archivangelism. Antes de iniciar o texto de SH, devo esclarecer que ele utiliza frequentemente o termo TECLAR para designar o procedimento de auto-arquiovamento de artigos em repositórios institucionais, por parte dos autores. Segue o referido post em português.

Enquanto a comunidade científica global está novamente ocupada, de forma indignada, com um novo boicote contra os editores, eu continuo fascinado pelo “folclore do teclar”.

“Por que 34.000 pesquisadores, em 2000, boicotaramm os periódicos científicos, caso estes não permitissem o livre acesso aos seus artigos – quando os próprios pesquisadores poderiam fornecer Acesso Livre (OA) para os seus próprios artigos  auto-arquivando-os em seu próprio sítio institucional? ”

Não apenas 100% OA teria sido alcançado  por meio de auto-arquivamento, por parte do autor,  conforme  1994, mas mais de 90% de todas as revistas científicas  (publicadas por cerca de  65% de todos os editores de revistas científicas) já deram a sua luz verde explícita a alguma forma de auto-arquivamento, por parte dos autores – com mais de 60% de todos os periódicos, incluindo Elsevier – dando aos seus autores a luz verde para a auto-arquivamento da versão final dos artigos científicos  (“postprint”) imediatamente após a aceitação para publicação …

Então, por que os pesquisadores ainda tentam boicotar ao invés de teclar (auto-arquivar os seus artigos científicos), considerando ainda que foram perdidos desnecessáriamente uma dúzia de anos de acesso à pesquisa e impactos (as estratégias e iniciativas do OA somam 12 anos de existência).

Nós encontramos o inimigo, Pula-pula, e não é a Elsevier.

(E é por isso que os mandatos/políticas de Acesso Livre são necessários; apenas boicotar os editores não é suficiente.)

Vejam que Steve Harnad se posiciona de forma clara, opondo-se a qualquer tipo de boicote aos editores. Verifica-se o seu pragmatismo nessa batalha: é mais eficiente que toda a comunidade científica se una em torno da estratégia da via Verde e efetivamente criar e manter os repositórios institucionais, estabelecendo as políticas/mandatos de Acesso Livre do que fazer boicotes. Vejam que ele sequer faz menção à via Dourada.

fevereiro 14, 2012 Posted by | artigo | , , , , , , | Deixe um comentário

Elsevier & IOP continuam verdes e angelicais: ignorem as cláusulas incoerentes.

A propósito das recentes modificações efetivadas pelas editoras Elsevier e IOP em suas políticas OA, Stevan Harnad, publica em seu blog, um post para esclarecer as referidas modificações. Pelo que foi publicado, não se trata de nada substancial ou preocupante. Tentei fazer uma tradução do post com o propósito de acalmar os autores que publicam nas revistas dessas editoras. Desculpem-me por eventuais erros de tradução, a linguagem é meio complicada. Leiam-na abaixo:

Vou tentar explicar da forma mais breve e simples possível, na esperança ardente de que será lida, entendida e posta em prática pelos autores e suas instituições:

Uma editora verde é aquela que permite/endossa o auto-arquivamento, por parte do(s) autor(es) da versão final do artigo(mas não a versão de registro do editor), livre para todos na web, imediatamente após a sua aceitação para publicação.

Isso é tudo o que leva uma editora a tornar-se verde (e, sentar-se, ao lado dos anjos).

Na nova linguagem que alguns editors verde adotaram, recentemente, em seus contratos para transferência de copyright, foram adicionados algumas condições, baseada em três critérios. Nem todos os editores verdes adicionaram as três condições. (Elsevier, por exemplo, adicionou duas delas, IOP adicionou as três), mas não importa, porque todas as três condições são incoerentes: elas não possuem qualquer substância legal, lógica, técnica ou prática. A única coisa que uma pessoa sensível pode e deve fazer é ignorá-las.

Seguem-nas (a forma textual pode variar, mas discutirei a essência das questões):

1) Você pode auto-arquivar a versão final do seu manuscrito (artigo submetido e aprovado), imediatamente após o aceite para publicação, livre para todos – mas você somente pode fazê-lo no seu sítio web institucional pessoal, não no seu repositório institucional.

Esta distinção é completamente vazia. O sítio web institucional e o repositório institucional são apenas instâncias diferentes no disco do servidor onde se encontram armazenados, com nomes diferentes.

2) Você pode auto-arquivar a sua versão final do manuscrito na web, imediatamente após o aceite para publicação, livre para todos – mas você não pode fazê-lo onde há “distribuição sistemática.”.

Ora, todos os sítios web são sistematicamente coletados pelo google e outros search engines, e é assim que a maioria dos usuários buscam e acessam.
(Eu penso que os redatores desta condição absurda tinham em mente que você não poderia depositar o seu artigo em um sítio que pudesse reconstruir sistematicamente o conteúdo de uma revista. Eles estão perfeitamente corretos sobre isto. Mas, um repositório institucional certamente não faz isso; ele simplesmente mostra os artigos dos seus autores, que são arbitrariamente uma fração de alguma revista, em particular. Se existe alguém que publica pode, e deve, ir atrás, este alguém são os coletadores de metadados (harvesters), de terceiros, que reconstroem o o inteiro teor da revista.)

3) Você pode auto-arquivar a versão final de seu manuscrito na web, imediatamente após o seu aceite para publicação, livre para todos – mas, não se você for obrigado por meio de mandato (ou seja, você pode, mas se você deve, você não pode).

Se alguém estiver disposto a gastar mais tempo com essa bobagem que o tempo que levou para ler este post, então eles merecem tudo o que está vindo (e não vindo) a eles.

Aos autores que publicam em revistas da Elsevier e IOP: simplesmente continuem auto-arquivando em seus repostiórios institucionais, como antes, e ignorem essas três condições idiotas, que seguramente não contém nada de essencial.

junho 23, 2011 Posted by | conceitos | , , , , , | 2 Comentários

   

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