OA: tentando esclarecer conceitos III
Dando continuidade a essa série de posts para esclarecer conceitos, indicarei abaixo algumas soluções de pacotes de software para o desenvolvimento e implantação de biliotecas digitais e repositórios digitais. Parte destas soluções são pacotes de software open source ou software livre. Vejam a tabela abaixo:
Aplicação | Pacote de Software | Forma de distribuição |
Repositórios digitais | DSpace (http://www.dspace.org) | Open Source |
Fedora (http://fedora-commons.org/) | Open Source | |
Eprints (http://www.eprints.org/) | Open Source | |
Bibliotecas Digitais de uma forma geral |
Greenstone (http://www.greenstone.org) |
Open Source |
OpenDLib (http://www.opendlib.com/home.html) | Aparentemente Open Source | |
DELOS DLMS (Digital Library Management System, (http://www.delos.info) | Aparentemente Open Source | |
Nou Rau | Open source |
Infelizmente, não consegui determinar exatamente qual o sítio da web de onde se pode fazer o downloaddo software Nou Rau. Mas, sei que algumas instituições como a Unicamp o utiliza para a sua biblioteca digital. Sei queo software Nou Rau foi desenvolvido por um grupo que pertencia à Unicamp, mas não encontrei nenhuma informação mais apurada. Mas, é um software livre e que facilita por ser em língua portuguesa e utilizar software open source. Optei por não incluir as soluções proprietárias, mas existem diversas ferramentas de apoio à construção de bibliotecas digitais, assim como para o desenvolvimento de serviços de informação.
OA: tentando esclarecer conceitos II
Continuando nesta série de posts em que tento esclarecer os conceitos dos termos que aparecem no contexto do Open Access, em atenção a um comentário da colega Asa Fujino, tentarei conceituar as bibliotecas digitais (BD) e os repositórios digitais, uma vez que no post passado eu ousei tentar definir uma classificação de repositórios digitais, mas não fiz a devida conceituação desses repositórios.
As bibliotecas digitais ou digital libraries (DL) possuem diversas terminologias na literatura especializada, tais como: bibliotecas eletrônicas, bibliotecas virtuais, bibliotecas sem parede, bibliotecas do futuro. No meu entendimento, todas essas terminologias referem-se a um mesmo objeto, os sistemas de informação gerenciadores de acervos.
No caso de bibliotecas eletrônicas, essa denominação faz referência à tecnologia em que o sistema foi desenvolvido.
Da mesma forma, as bibliotecas digitais recebem esse nome pelo fato de armazenarem as coleções na forma digital.
As bibliotecas virtuais, por outro lado, referem-se aos sistemas desenvolvidos por meio de tecnologias de realidade virtual. Segundo Roy Tennant uma biblioteca digital ou eletrônica pode ser uma biblioteca virtual se elas existirem apenas virtualmente, ou seja, a biblioteca não existe na vida real.
Existem outras definições para bibliotecas digitais, das quais, destaca-se uma adotada pelo projeto Digital Library Initiative – Phase II:
“the concept of a ‘digital library’ is not merely equivalent to a digitised collection with information management tools. It is rather an environment to bring together collections, services, and people in support of the full live cycle of creation, dissemination, use, and preservation of data, information, and knowledge.”
O conceito de biblioteca digital não é meramente equivalente a uma coleção digitalizada com ferramentas de gestão da informação. Mas sim, um ambiente que reune acervos, serviços e pessoas no apoio ao completo ciclo de vida da criação, difusão, utilização e preservação de dados, informações e conhecimento.
Trata-se, portanto, de um conceito mais abrangente identificando todos os componentes de uma biblioteca digital. E, nesse conceito cabe uma série de sistemas de informação, inclusive, um repositório digital.
Segundo Dagobert Soergel, em um texto intitulado “Digital Libraries and Knowledge Organization”, o termo Digital Library é usado para se referir a uma gama de sistemas, de repositórios de objetos digitais e metadados, sistemas referenciais compostos de links, arquivos e sistemas de gestão de conteúdos a sistemas complexos que integram serviços avançados de biblioteca digital em apoio à comunidades de pesquisa e prática.
Soergel define também que uma DL que fornece acesso a apenas uma coleção é chamado de repositório digital. As funções de um Repositório incluem a aquisição de documentos, armazenamento seguro e preservação, controle de versão, localização de documentos, e apresentação do documento.
Verifica-se na argumentação de Soergel que os repositórios digitais são um caso particular de bibliotecas digitais.
Dentre as definições encontradas na web, existe uma definição dada pela Association of Research Library (ARL), que diz:
“Há muitas definições para o termo Digital Library. Os termos biblioteca electronica e biblioteca virtual são sempre utilizadas como sinônimos. Os elementos identificados como comuns nessas definições são:
• a DL não é uma simples entidade;
• a DL depende do uso da tecnologia para integrar os recursos de muitas;
• as conexões entre as diversas DL e os serviços de informação são transparentes aos usuários finais;
• o acesso universal às DL e aos serviços de informação é a sua meta; e
• as coleções mantidas pelas DL não se limitam às referências dos documentos : eles se estendem aos artefatos digitais que não podem ser representados ou distribuídos em formato impresso.
De todas as definições apresentadas, o que se pode depreender é que uma biblioteca digital pode ser um simples sistema de informação para armazenamento e recuperação de teses e dissertações, assim como o repositório digital pode ser também um repositório de teses e dissertações. Tudo é uma questão de escolha do proprietário do sistema de informação. As definições apresentadas dão suporte a dizer que a web é uma grande biblioteca digital porque são diversas bibliotecas digitais interconectadas. Mas, o mesmo não se pode dizer com relação ao repositório digital. Este serve a um propósito específico.
É interessante esta discussão, pois, o texto de Dagobert Soergel traz um quadro indicando os pacotes de software para construção e gestão de bibliotecas digitais, e nele, encontra-se relacionado o software Dspace, que algumas pessoas imaginavam servir apenas à construção e gestão de repositórios institucionais. Soergel corroborou com o pensamento e convicções deste blogueiro, o Dspace serve para construir repositórios digitais, assim como, para construir qualquer outro tipo de bibliotecas digitais.
Prezados colegas, caso encontrem alguma incoerência nos conceitos apresentados ou discordem das minhas colocações, estimulo-os a deixar um comentário neste blog ou então escrevendo-me para o email:alokura2010@gmail.com.