Vídeo com palestra de Alma Swan
Apresentamos, abaixo, vídeo contendo palestra ministrada por Alma Swan, como parte da comemoração dos 10 anos da declaração Budapeste Open Access Initiative. Infelizmente, não temos como fazer a tradução deste vídeo, e todos terão que fazer um esforço para entender a apresentação, mesmo em inglês. Mas, apesar deste pequeno detalhe, o inglês da Alma Swan é fácil de entender, ela fala de forma clara e pausada, dá para acompanhar a sua apresentação. Veja-a:
Quem é esse líder da revolução sem líderes, Peter Suber?
Antes de apresentar os posts relativos à síntese da entrevista de Peter Suber ao jornalista Richard Poynder, é preciso conhecer o personagem. Leiam a seguir.O que é notável sobre o movimento acesso aberto (OA) é que apesar de não ter uma estrutura formal, nenhuma organização oficial, e nenhum líder nomeado, o movimento provocou uma transformação radical no sistema de comunicação científica que pouco mudou em 350 anos de vida. Mais notavelmente, ele demonstrou que não é mais racional, ou mesmo necessário, construir uma barreira de pagamento de assinaturas das revistas entre os pesquisadores e a pesquisa.
Enquanto muitos têm desempenhado um papel importante no movimento, ninguém foi tão influente, ou tão eficaz, como filósofo, jurista, e o inicialmente cômico Peter Suber é agora visto como o líder de facto da revolução sem líderes.
Entre as contribuições únicas de Suber, ele desempenhou o papel de parteiro no nascimento do movimento OA. Especificamente, ele esteve presente na reunião que deu origem ao movimento Open Access, em 2001, Budapeste Open Access Initiative (convocada pela Fundação Soros), na Hungria, onde o OA e sua agenda foram inicialmente definidos. Suber também redigiu o Manifesto associado, , elaborando-o, de forma bem sucedida, integrando as diferentes agendas articuladas em Budapeste em um todo coerente e convincente, que serviu para inspirar e despertar defensores do OA.
Alguns argumentam que sem a presença de Suber, o encontro de Budapeste poderia ter se divido em diversas facções. Da mesma forma, sem a sua visão estratégica e capacidade de moderação e arbitramento de conflitos freqüentes, um movimento inerentemente fissíparo poderia ter se dividido em diversas facções desde então.
“Peter é gentil, leal e adota uma abordagem ecumênica, que tem se revelado mais persuasiva do que algumas das abordagens mais impacientes (inclusive a minha). Embora, como ele mesmo apontou, se for necessário, ele pode ser bastante firme e forte também”, disse um de seus colegas defensores do OA, Stevan Harnad.
Suber realmente tornou-se a cola que mantém o movimento unido e é seu estrategista-chefe. Suas principais plataformas para fazer isso tem sido o seu blog, (OAN), e o SPARC [Scholarly Publishing and Academic Resources Coalition] Newsletter Open Access, onde ele tem repetida e convincentemente defendido o OA, desconstruído e refutado os muitos argumentos utilizados contra o OA, e consistentemente inspirou o movimento.
“As contribuições de Peter em termos práticos – OA News e o [SPARC Open Access] Newsletter têm sido absolutamente fundamental em focalizar esforços e debate, mas eu diria que ainda mais importante foram os seus poderes únicos de lógica e argumentação”, diz a consultora de publicação e advogada do OA Alma Swan. “Ele põe a questão de forma persuasiva e difícil de refutar: ele é inimitável a esse respeito.”
Mesmo os editores respeitam Suber. “Eu nunca conheci Peter, mas eu tenho admirado a sua clareza de expressão e análise, e respeito a sua resistência e dedicação ao movimento de acesso livre”, diz Graham Taylor, diretor de publicação educational, acadêmico e profissional no The Publishers Association. “Parece-me que o seu boletim de notícias SPARC foi por algum tempo o carro-chefe em que o resto dos seguidores do OA depende para o seu senso de direção e rigor.”
Suber provou ser um advogado altamente eficaz nos bastidores. “Peter tem sido um colaborador chave para o desenvolvimento de políticas de acesso livre, tanto a nível institucional quanto nacional”, diz Heather Joseph, diretora executiva da SPARC. “Ele tem sido amplamente respeitado por sua análise cuidadosa, pelo bom conselho pelo bom uso da palavra, por iss, sem qualquer surpresa o seu conselho é muito procurado pelos formuladores de políticas, não só aqui nos EUA, mas em todo o mundo também. ”
“Não é que o OA não teria acontecido sem Peter Suber: É óptimo e inevitável. Mas a sua liderança tornou muito mais prossível de acontecer, mais cedo ou mais tarde”, diz Harnad.
Certamente nenhum outro defensor do OA fez mais sacrifício do que Suber na defesa do OA. Em 2003, ele colocou uma carreira de sucesso acadêmico, em espera, para defender o OA, uma decisão que significava abrir mão de uma posição de titular para uma série incerta, a curto prazo, de auxílios e subvenções.
Mas o reconhecimento e as recompensas só começaram a aparecer em 2009, quando Suber recebeu uma bolsa conjunta do Centro Berkman para Internet e Sociedade com o Escritório de Comunicação Acadêmica de Harvard e Biblioteca da Escola de Direito de Harvard. E, no início deste ano, a American Library Association (ALA) anunciou que tinha selecionado Suber como o vencedor do Prêmio L. Ray Patterson Copyright de 2011 por seu trabalho em defesa do OA. Suber é também pesquisador sênior do SPARC e membro do Conselho do Enabling Open Scholarship. Ele também atua como diretor de projeto OA no Public Knowledge.
Não apenas uma mudança. Mas, uma revolução global – Parte X – Entrevista realizada por Richard Poynder (RP) com o reitor Bernard Rentier(BR)
Para fechar esta brilhante entrevista, o Prof. fala um pouco de suas experiências pessoais e expectativa sobre o futuro do OA.
RP: Em sua opinião, hoje, quais são os principais obstáculos ao OA?
BR: Os obstáculos que eu vejo são: a insuficiente mobilização por parte de dirigentes universitários (e centro de pesquisa) em favor da causa; pesquisadores com medo das questões jurídicas levantadas pelo OA; pesquisadores preocupados que o OA signifique desistir de publicar em revistas de prestígio ou com uma grande reputação ou em revistas que eles possam conhecer seus trabalhos e que serão vistos por seus colegas em todo o mundo, e que têm um alto fator de impacto e assim por diante.
Isto significa que o que é necessário é uma transformação na cultura atual de avaliação. Só então podemos esperar que as coisas mudem drasticamente.
RP: O que você diria que aprendeu com sua experiência de introduzir o OA na Universidade de Liège?
BR: Desenvolvi uma visão mais ampla sobre os princípios de publicação. Levaria muito tempo para explicar aqui, mas construí uma filosofia pessoal sobre o assunto. E isso me levou a repensar completamente os objetivos e métodos de comunicar o progresso da ciência e do conhecimento.
Espero um dia ser capaz de explicar isso mais claramente. Talvez quando eu me aposentar eu escreva um livro sobre o assunto!
RP: Quando e como você acha que a comunidade de científica vai atingir o OA universal?
BR: Universal OA levará muito mais tempo do que eu pensava antes. Mas cada passo é útil em si mesmo.
RP: De que maneira você espera que a pesquisa mudará, no mundo, com o OA universal?
BR: Este é um tópico muito amplo para discutir, e vale à pena um segundo livro! Mas eu acredito que ele vai proporcionar maior transparência à em ciência, especialmente quando vier o open data. Espero uma tremenda mudança na forma de fazer pesquisa, e disseminá-la. Na verdade, não apenas uma mudança. Mas, uma revolução global.
RP: Finalmente, em uma nota pessoal, a sua colega – e colaboradora no EOS – Alma Swan me disse que você é jardineiro cuidadoso e um excelente fotógrafo. Gostaria de saber se essas habilidades teriam desempenhado algum papel na sua conversão OA: cada jardineiro quer uma boa loja para seus produtos acho, e cada fotógrafo quer ter um portfolio de seu trabalho para mostrar seus talentos. Eu estou na pista certa?
BR: Você está completamente errado sobre a jardinagem. Eu, ocasionalmente, só ajudo a minha esposa! Entretanto, amo fotografia – contudo, “excelente” pode ser um exagero (Obrigado Alma!). E, concordo que eu tenha um sistema de arquivamento perfeito para as dezenas de milhares de fotos que tirei ao longo dos últimos 43 anos, e são poucas aquelas que eu não seria capaz de encontrar facilmente.
Dito isto, eu antecipei o depósito de quase todos os meus trabalhos científicos de um longo periodo de tempo no repositório. Felizmente, agora se tornou uma realidade e eu gostaria que estivessem disponíveis todo esse tempo.
Você sabe, eu estou convencido de que os cientistas, hoje, são mimados pela escolha, quando chegam ferramentas, disponíveis, como agora, (incluindo ser capaz de saber a qualquer momento quem está citando o seu trabalho e como), e eu só queria que eles percebessem, plenamente, quão agradável e útil é tê-los.
Eu mesmo sou um blogueiro e um tweeteiro, por isso estou realmente convencido de que há um novo campo de comunicação aberto para a ciência, e estamos apenas testemunhando o seu início …
RP: Essa é uma boa nota para terminar. Eu só quero acrescentar que as suas fotografias são realmente fantásticas. Gostei especialmente da foto dos três homens escavando as ruas de Londres, em 1975, para colocar tubulações. Talvez seja essa a situação que o movimento OA se encontra atualmente: no processo de criação da infra-estrutura necessária para a revolução global na comunicação científica a que você se refere. E que às vezes exige sujar as mãos, aceitando o fato de que as pessoas tendem a se queixar do incômodo provocado por este trabalho, e temem que possam cair em um dos buracos temporários. Mas desde que OA é uma causa de valor, tais inconvenientes apenas deverão ser tolerados. Ah, e como todos os grandes projetos de construção, a tarefa sempre leva muito mais tempo do que o inicialmente previsto.
RP: Obrigado por ter tempo para falar comigo, e se divertir no jardim!